sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Começo duma história










02 de Agosto 1994,15.25 com 3 quilos 246gr ,nasce o meu 1º tesouro.
Coisa linda como aquela ,nunca vi(mas deve ser o que pensam todas as mães),fez-me logo pensar no pai ,os olhos eram o que ele tinha de mais parecido com ele,ainda hoje parecem fotocopia um do outro.Foi criado com muito mimo até aos três anos ,inicio da época mais difícil da nossas vidas.




3 anos


Hoje faz 10 anos que faleceu a Princesa Diana,três dias depois ,a 3 de Setembro 1997 tinhamos desistido das férias nesse ano por causa duma encomenda urgente .Estavamos a descansar na hora de almoço no quarto e nosso menino a brincar a nossa beira.
"A melhor coisa que temos na nossa vida,que seriamos de nós sem ele"comentário do meu marido naquele momento tão lindo.
Deixei-os para arrumar a cozinha,chegou o padeiro a nossa porta.Como estava a lavar a loiça mandei a nossa vizinha (uma miúda que estava sempre em minha casa) comprar o pão.O portão que estava sempre trancado ficou aberto.
O Nuno foi atrás dela.
Eram 13.45 quando o meu lindo menino foi atropelado.Uma quarta feira.
Aí começou um período de sofrimento,esperança e muita fé.
Foi conduzido numa ambulância para o Hospital de Fafe onde já chegou em coma,aí após varias horas de preparação ,que lhe salvaram a vida,foi transferido para o S.João no Porto.Apesar do meu desespero não me deixaram acompanhá-lo.Tivemos que ir de carro até lá.
Cheguei quando a médica que o acompanhou estava a sair.Abraçou-se a mim e abanou a cabeça.
Eu parecia anestesiada pela dor e quando me disse que havia pouca esperança pensei morrer naquela hora.
Mas tive que reagir ,tinha que ajudar os médicos como podia .O meu marido perdeu o controlo dele próprio e não conseguia fazer nada.
Fui responder as perguntas dos médicos enquanto faziam o primeiro TAC ao menino.
Depois de uma noite sem respostas nenhumas veio a quinta feira e o pronóstico dos médicos:
tinhamos que nos preparar para o pior ,não tinha chances de sobreviver a três traumatismos cranianos e mesmo que sobrevivesse seria com muitas deficienças.
Nessas alturas quem não acredita em nada perde toda a razão de viver,mas graças a Deus eu tinha fé e não me consegui convencer do que diziam os médicos.
Disseram-nos para pedirmos a Deus para ele não piorar até Domingo ,que seria um bom sinal porque não iria ter melhoras até lá.
Se não houvesse novidades então fariam outro TAC.
No hospital S.João têm uma capela,e nessa noite tive que deixar o menino umas horas para lhe meterem um sensor no cérebro (para ver a pressão intracraniana)por isso pedi ao meu marido que me levasse a capela.Aquela espera era desesperante por isso só pedi a Nossa Senhora que me desse um sinal em como ele não iria morrer porque estar mais três dias a espera era cruel demais .Prometi-lhe um ramo de flores.
Voltamos para perto do nosso menino.Eu ficava a beira dele nos cuidados intensivos ,o pai ficava na parte de fora.
5.30 da manhã de sexta feira o médico manda-me chamar o Armando(meu marido) para nos dizer que ao contrário de todas as expectativas iam fazer outro TAC ao Nuno ,pois ele estava a reagir.Nesse momento eu soube que o meu querido não filho não iria morrer!
Haviam de ver o meu marido as seis da manha a procura duma florista,mas comprou logo o ramo e fomos levá-lo á capela.
Hoje vou ficar por aqui,estou muito emocionada e não é nada bom para o meu Rafael que vem aí.